Viagem às tradições da Páscoa

O folar de Chaves e as tradições numa aldeia Transmontana na época da Páscoa

Tradição da época da Páscoa, vivida numa aldeia transmontana no Município de Chaves.

Há tradições vividas, em criança, que nos ficam para sempre gravadas na memória porque estão associadas a cheiros, sabores e a dias alegres.

Aproxima-se o Domingo de Ramos e as crianças da aldeia andam num alvoroço, procurando juntar todas as guloseimas que os familiares e os amigos lhes dão. Na véspera do Domingo de Ramos pedem aos seus pais que lhes cortem um bonito ramo de oliveira. Enfeitam o ramo com todas as guloseimas que conseguiram juntar, rebuçados, bolachas e chocolates embrulhados em papéis coloridos e brilhantes.

Na véspera do Domingo de Ramos, sente-se no ar um delicioso cheiro a chouriço e presunto. Pela manhã bem cedo, as mulheres da aldeia, andam numa azáfama a cortar os salpicões, as linguiças e o presunto em pequenos pedaços. Em grandes masseiras colocam os ingredientes do folar de Chaves e amassam muito bem esse preparado. Algumas crianças saltitam à volta das atarefadas mães na esperança de irem petiscando pequenos pedaços de salpicão e de presunto e também, para prepararem o seu próprio folar aproveitando os restos da massa que fica colada na masseira. Depois de amassada, levedada, recheada e dividida em folares na forma de grandes pães, aguarda-se a vez de levar os folares para o forno a lenha da aldeia.

Enquanto cozem estes deliciosos folares, no ar fica um cheiro, um cheiro a um “pão” diferente acabado de cozer.

É Domingo de Ramos, os sinos tocam chamando para a missa. As crianças vestidas com as suas roupas preferidas vão, caminho fora, com o ramo na mão, orgulhosas e na expetativa de que o seu ramo seja o mais bonito. Felizes, recebem os elogios das pessoas por quem passam.

Depois da missa, as crianças, dirigem-se acompanhadas pelos pais à casa da sua madrinha a quem oferecem o ramo. Esta, em troca, oferece um folar à criança, sua afilhada, e aos seus familiares. As famílias mais abastadas oferecem-lhes um presente.

Consulte a Receita do Folar de Chaves aqui.

Veja mais informação sobre esta iguaria bem portuguesa no Site do Município de Valpaços

 

O fumeiro!

Momento memorável na Bina – Cozinha Regional em Vimioso, é muito bom constatar que as tradições mais genuínas perduram  nos dias de hoje.

Numa manhã de Inverno, no norte do nosso país, procurámos por umas alheiras da terra. Queríamos produtos regionais e artesanais, experimentar uma nova sensação de sabores feitos pelas pessoas com carinho e gosto em servir os outros.

 

 

Encontrámos uma senhora tão carinhosa que nos mostrou o local do fumeiro. Fiquei espantada pela obra de arte de cada peça e sabia que era um espaço acolhedor onde o calor que se sentia junto à lareira me fazia permanecer e ouvir as palavras sábias de quem trabalha diariamente na sua casa. Após a nossa compra de quinze alheiras, mais salpicão e chouriços fomos convidados a comer uma alheira, um pedaço de entrecosto e chouriço naquele fumeiro típico. Saímos com o estômago composto e o coração grato pela generosidade e simplicidade daquela senhora.

O acompanhamento com pão foi a nossa refeição! Parecia que estava em casa com uma avó que cuidava de mim, explicava-me a sua obra e dava muita atenção à minha degustação, feliz por me ver comer com prazer.

 

 

Foi um momento memorável na Bina – Cozinha Regional em Vimioso, é muito bom constatar que as tradições mais genuínas perduram  nos dias de hoje.