As Portas Seniores+ #4

Devolver a dignidade aos seniores com poucos recursos financeiros, inexistência ou fraca retaguarda familiar, que se encontram em situação vulnerável tem de ser uma prioridade numa sociedade evoluída.

Governança para Seniores – GpS – caminhar dignamente num envelhecimento ativo.

Ali, na rua ao lado num prédio bem antigo, mora a dona Laurinda. Não tem filhos e não consta que tenha família próxima que a visite. Lembro-me de a ver à janela do rés-do-chão do nº5 onde habitava, era eu uma criança, costumava meter conversa comigo e por vezes dava-me um rebuçado. Depois do marido morrer soube que passou a ter dificuldades financeiras e por vezes os vizinhos levavam-lhe um saco com mercearia e roupas usadas. Quando ainda podia trabalhar ia lavar escadas nos prédios da minha rua.

Já não moro nessa zona, a vida leva-nos para outras paragens longe do nosso local de nascimento e de infância. Hoje, depois de um dia de trabalho, depois do jantar e depois de terminados os afazeres de casa, sento-me a ver um pouco de televisão. Estava a dar uma notícia sobre o despejo de uma idosa da sua casa, por falta de pagamento da renda. Fixo o olhar e repentinamente vêm-me à memória imagens daquele rosto. É a dona Laurinda! digo eu em voz alta, assustando os meus familiares que assistiam às notícias sentados no sofá da sala.

As nossas histórias são em parte reais e em parte imaginadas. A história que acabámos de contar tem muito de real. Uma situação que não deveria ocorrer no século em que vivemos. Felizmente já existem alguns projetos, mas ainda longe de darem resposta a todas as necessidades. Referimo-nos ao programa que conhecemos, provavelmente existirão outros, “República Senior”, criado pelo Centro Social e Paroquial de Arroios em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde vivem idosos sem família e sem dinheiro para pagar uma renda.

As três amigas, a equipa do blogue Hucilluc – Aqui e Ali, liga-nos ao que nos rodeia, não pode deixar de se preocupar com esta e outras situações idênticas. Imaginando que podemos ajudar na construção de uma sociedade socialmente mais solidária, formulámos a proposta ao OPP que a seguir descrevemos.

“O problema

A falta de condições habitacionais e a necessidade de devolver a dignidade aos seniores com poucos recursos financeiros, inexistência ou fraca retaguarda familiar, muitos deles a viver em casas arrendadas com fracas condições de habitabilidade (degradadas, sem condições de higiene…), a pessoas que se encontram em situação vulnerável, de risco ou que se encontram institucionalizados, mas que são autónomos e que por isso não justifica a sua estadia num lar, é um problema que o Estado tem de equacionar. Segundo o INE o número de idosos entre 2015 e 2080 passa de 2,1 para 2,8 milhões pelo que medidas a adotar urgem para restituir a dignidade e proteção à população idosa.

Por outro lado, todos sabemos que, mesmo com as diversas alterações que têm surgido à Lei do arrendamento, subsistem dúvidas e conflitos entre senhorios e inquilinos pelo que, faz todo o sentido, o Estado providenciar soluções para colmatar as dificuldades não só do isolamento, mas também financeiras sentidas pelos nossos idosos, nas suas casas arrendadas.

A solução

Pretende-se reaproveitar imóveis pertencentes ao Estado bem como outras possíveis soluções a encontrar. Adaptá-los de modo a facilitar a mobilidade e a partilha entre idosos autónomos. Dispõem de cozinha, sala de refeições e de convívio, vários quartos e casa de banho. O idoso apenas seria internado em lares em situação de perda de autonomia. As condições de acesso e de gestão destas casas partilhadas será definida em sede de implementação do projeto.

 O projeto

Criação de residências partilhadas – as Portas Seniores+, apoiadas e com assistência para seniores de modo a promover um envelhecimento ativo e saudável, maximizar a autonomia do idoso e fomentar as relações interpessoais como resposta ao isolamento.

Ação: Sinalizar – situação de residência (isolamento); nível de autonomia de vulnerabilidade e financeira; situação de risco, de violência e de insegurança.

Protocolos e Parcerias: Serviços Sociais das Câmaras Municipais, Segurança Social; Santa Casa da Misericórdia; Centros Comunitários, IPSS, EDP e Gás natural (aplicação das tarifas sociais) e/ou outras.

Funcionamento das Portas Seniores+: Designar um interlocutor, de entre os idosos, responsável para coordenar e articular as necessidades da família sénior, a intervenção e o acompanhamento social por um assistente social do centro social, paroquial ou outro (apoio social, refeições, cuidados de enfermagem, etc.). Os idosos mantêm o espaço e dividem as despesas da água, luz, gás, televisão enquanto o Estado assegura a manutenção do imóvel.”

Esta proposta apresentada ao OPP não chegou a projeto por não ter sido aceite. Mas uma sociedade mais justa precisa-se. Com pequenas atitudes, podemos contribuir e fazer a nossa parte. Há interessados por aí?

 

Casa Amiga #3

Cooperativas de interesse público – residências assistidas para maiores de 55 anos, num espaço amigo dos seniores, possibilitando um envelhecimento integrado e ativo na sociedade.

Cooperativa de Solidariedade Social de residências assistidas para seniores

Aqui fica a reflexão da equipa do hucilluc que levou à formulação da terceira proposta ao OPP que a seguir partilhamos.

Se é verdade que cada um de nós precisa de tempo para si próprio, para escutar o silencio interior, também é verdade que a felicidade se encontra nos momentos em que partilhamos a vida com a família e com os amigos.

O tempo corre e, mais ano menos ano, estamos na idade da reforma! Os filhos seguem o seu percurso de vida que os leva para paragens mais ou menos distantes, e nós percebemos que as casas ficaram grandes demais. Quem não se lembra de em criança, ter uma sensação idêntica? Espaços e objetos muito grandes, no entanto, dia após dia com o crescimento, os espaços diminuíam.  Agora, com o avançar da idade precisamos de preencher esses espaços, com pessoas com quem tenhamos afinidade, de ter atividades conjuntas, de partilhar momentos, num salutar convívio e interação entre quem deseja compartilhar experiências de vida, para que os espaços não continuem a aumentar de tal modo que nos façam ficar num ponto perdido num qualquer lugar sem qualquer participação na sociedade.

 “ O problema

Segundo as projeções publicadas pelo INE, Portugal perde população total, com diminuição da população jovem, mas com um aumento do número de idosos atingindo os 2,8 milhões em 2080. Acrescendo o atual estilo de vida que as famílias são obrigadas a ter, trabalhando diariamente fora de casa, verifica-se que muitos, não conseguem assegurar apoio aos seus pais já na idade sénior. Além do pouco tempo disponível, as famílias não estão, naturalmente, vocacionadas para prestar um apoio conveniente aos idosos. Muitos destes idosos têm ainda autonomia, mas não têm soluções para, com dignidade, continuarem a envelhecer de forma ativa e participativa na sociedade.

A solução

Consideramos que o Estado não se pode alhear desta realidade, através da constituição de cooperativas de interesse público, serão criadas residências assistidas e de proximidade, a serem utilizadas por maiores de 55 anos num espaço amigo dos seniores e do ambiente. Aqui, enquanto pessoas autónomas, pode-se envelhecer junto, facilitando-lhes as tarefas diárias e promovendo uma vida ativa e autónoma, mas apoiada por uma rede pública, aliviando o peso da situação das famílias e a necessidade de internamento em outros locais apropriados, para onde apenas seriam deslocados em situação de perda de autonomia.

O projeto

Pretende-se a constituição de Cooperativas de Interesse Público para Residências de Seniores.  A “Casa Amiga”

Numa primeira ação, serão identificados imóveis devolutos ou subaproveitados, para recuperação e a adaptação a pequenos apartamentos constituídos por quarto e casa de banho, existindo salas comuns multiusos, criando condições de fácil mobilidade nas habitações para seniores. Será garantida a assistência permanente com presença humana e com recurso à utilização das novas tecnologias, à disponibilização de alguns equipamentos, serviços de apoio e de proximidade aos idosos e às residências, muito à base da articulação entre serviços e de protocolos com instituições de solidariedade social, universidades e outras. 

As regras de acesso à cooperativa e de gozo das habitações a partir dos 55 anos, serão definidas em sede de constituição da cooperativa e de acordo com a legislação em vigor.”

Quem sabe se não haverá um grupo de amigos, alguma associação ou entidade com mais ou menos responsabilidades sociais, que se inspire na ideia e queira/possa concretizar um projeto idêntico. Aqui na equipa do Hucilluc encontrará aderentes, ahahaha….

Há interessados por aí?

O tempo dos Avós #1

Oportunidades de ocupação do tempo dos “avós” com a interajuda aos ambientes familiares existentes na área em que estes residem.

“Os avós ajudam a cuidar das crianças nos tempos livres”.

Para apresentar uma das nossas propostas não aceites ao OPP, vamos imaginar uma História de uma ação solidária de crescimento e vida partilhada, que aproxima os habitantes de um bairro, duma cidade portuguesa.

Aquele bairro, com construções relativamente recentes, cresceu ao lado de uma zona residencial mais antiga. Fundamentalmente, aqui habitam jovens casais com crianças em idades escolares.  Muitos destes casais cresceram neste bairro onde ainda, na zona mais antiga, residem os seus pais. O infantário e a escola primária situam-se numa zona de fronteira entre os prédios mais antigos e os mais recentes. O bairro vive a azafama diária própria de um bairro residencial, todas as manhãs assiste ao movimento das famílias que deixam os seus filhos na escola ou nos infantários e se deslocam para o centro da cidade ou outras zonas onde trabalham. Ao final do dia a azafama é contrária, é a chegada, a ida aos supermercados, ir buscar as crianças já cansadas de esperar pela vinda dos pais, ir para casa tratar de outra rotina e procurar ser feliz em família. Os avós destas crianças que habitam logo ali, suspiram e lamentam que, estando tão próximos, não participam nas rotinas diárias e não assistem ao crescimento dos seus netos.

Um dia, juntaram-se os avós e tiveram uma ideia! Vamos à junta de freguesia propor o seguinte projeto: “O tempo dos Avós”.

O Problema

Com o aumento do número de idosos que segundo as projeções do INE atingirão em 2080 os 2,8 milhões, é necessário adaptar a dinâmica da sociedade para que esta camada da população, continue participativa contribuindo para o bem-estar de toda a comunidade em que estão inseridos. Por outro lado, verifica-se que muitas famílias jovens se vêm confrontadas com dificuldades de compatibilização dos horários laborais com os horários praticados nas escolas e locais de atividades das crianças. Por outro lado, a presença dos avós acompanhando o crescimento das crianças é primordial para um desenvolvimento físico e psicológico harmonioso.

 A Solução

A solução que propomos é criar oportunidades de ocupação do tempo dos “avós” com a interajuda aos ambientes familiares existentes na área em que estes residem. As juntas de freguesia disponibilizam salas de estar onde as crianças e os avós podem permanecer e exercer atividades conjuntas de entretenimento, de aprendizagem e de elaboração de trabalhos escolares sob vigilância e apoio dos avós.

O Projeto

Através das juntas de freguesia são identificadas as famílias e respetivas crianças que necessitam de apoio para ocupação dos tempos após o término das atividades nos estabelecimentos que as crianças frequentam. São identificados os “avós” que estando ativos, voluntariamente, se disponibilizam para supervisionar e interagir com as crianças durante um período de tempo que terá um limite horário máximo, que permita aos pais compatibilizarem os seus horários laborais com os horários praticados nas escolas e outros locais de atividades das crianças. As juntas de freguesia asseguram a disponibilização das salas e o transporte, amigo do ambiente, para ser utilizado pelas crianças e avós. As salas e outros espaços verdes, disponibilizados pela Junta de Freguesia deve estar dotado de mobiliário e outros apoios e materiais didáticos que podem ser doados pelas famílias.

Queremos que sejam disponibilizadas condições para que os séniores autónomos e ativos, participem na sociedade em que estão inseridos, contribuindo para o bem-estar de todos. São oportunidades de ocupação do tempo dos “avós” com a interajuda aos ambientes familiares existentes na área em que estes residem. As juntas de freguesia disponibilizam salas de estar onde as crianças e os avós podem permanecer e exercer atividades conjuntas de entretenimento, de aprendizagem e de elaboração de trabalhos escolares sob vigilância e apoio dos avós.”

Fim da história, um final feliz!

Com o projeto debaixo do braço, escrito num documento assinado por todos os habitantes do bairro (avós e pais), um grupo de 3 avós, os porta-voz, entraram na junta de freguesia e, em reunião com o respetivo presidente, fecharam as condições necessárias para o por em prática. Depois, durante alguns meses, todos participaram no arranjo das instalações, pintando paredes, cadeiras e mesas, disponibilizando livros e brinquedos, plantando flores no espaço exterior e plantando nos mais pequenos a semente da solidariedade e da responsabilidade intergeracional.

Hoje é dia de festa, passaram nove meses desde o início desta aventura e há festa animada no bairro. É dia de inaugurar as instalações o espaço exterior e uma carrinha elétrica, amiga do ambiente, para o transporte das crianças e avós.

A excitação de todos é grande pois no bairro, diz-se à boca cheia que o Presidente da República, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, irá estar presente.

Esta proposta apresentada ao OPP não chegou a projeto por não ter sido aceite. Há interessados por aí?

“Superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une”

“superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une”
São palavras que encerram mensagens fortes que nos fazem pensar que todos somos responsáveis, também está nas nossas mãos o contributo na construção de um mundo melhor.

Mensagens inspiradoras de Ano Novo e do Dia da Paz.

Neste início de ano de 2018, vamos partilhar ideias transmitidas nas mensagem de Ano Novo e do dia da Paz, que consideramos ímpares pelo significado inspirador que projetam.

Estamos a referi-nos às mensagens de duas figuras públicas incontornáveis, o Presidente da República Portuguesa e o Papa Francisco. Consideramos que, independentemente das nossas crenças religiosas e interesses políticos são dois indivíduos que, pela sua personalidade, experiências de vida e testemunhos dados, consideramos ímpares.

Escolhemos o Presidente da República Portuguesa porque somos portuguesas e consequentemente, é-nos muito próximo. Referimos uma outra pessoa que desempenha um papel importante na construção da paz e da solidariedade entre os povos independentemente dos credos religiosos de cada um, o Papa Francisco.

Partilhamos com os nossos seguidores, alguns extractos das suas mensagens que desprendem inspiração para um movimento mais consciente nas nossas vidas em prol de um mundo mais solidário, mais justo e, enfim, melhor.

Presidente da República Portuguesa

Pode ler aqui na íntegra a Mensagem de Ano Novo do Presidente da República Portuguesa. Apenas transcrevemos alguns excertos de um discurso repleto de esperança e de apelo ao que em nós temos de mais nobre para caminharmos em direcção a um futuro mais solidário confiante e feliz.

Portugal é onde se encontre um português. Nas nossas fronteiras físicas ou, por todo o mundo, nas nossas fronteiras espirituais. Aí vivendo ou servindo em missão nacional.”

…“Estranho e contraditório ano no mundo, com tão veementes proclamações de paz e de abertura económica, e tão preocupantes ameaças de tensão e proteccionismo ….…. Estranho e contraditório ano na Europa, com tão claro crescimento e desejo de recuperação do tempo perdido e tão lenta capacidade de resposta e de reencontro com os europeus.” …

…“Ano povoado de reconfortantes alegrias, mas também de profundas tristezas.”….

… “Exigindo a coragem de reinventarmos o futuro.”….

….“Reinvenção pela redescoberta desse, ou talvez mesmo desses vários Portugais, esquecidos, porque distantes, dos que, habitualmente, decidem, pelo voto, os destinos de todos “…..

….”Temos de afirmar neste exigente combate coletivo a mesma vontade de vencer que nos fez recusar a resignação de uma economia e de uma sociedade condenadas ao atraso e à estagnação.” ….

…“Temos de superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une.”

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Mensagens do Papa Francisco no Dia Mundial da Paz 2018, dia 1 de janeiro 2018

A propósito do drama vivido por milhares de pessoas migrantes em busca de um local, neste planeta terra que habitamos e que é de todos, mais seguro e com melhores condições de vida, o Papa utiliza palavras que são verbos indicadores de ação para que os políticos e decisores na área das migrações, recorram mais à ação do que às palavras. São utilizados os verbos: “acolher, proteger, promover e integrar“.
Se é verdade que as ações políticas nesta área são fundamentais, também é verdade que não podemos deixar de nos alhear da situação e ficar inativos. São palavras que nos inspiram a uma ação, começando por colocar em prática a solidariedade com aqueles com quem nos cruzamos diariamente e que habitam a mesma casa, o mesmo prédio, a mesma rua, a mesma cidade, a mesma região, ….
Por outro lado, refere a particular necessidade de solidariedade e proteção dos que, de algum modo, se encontram mais frágeis e expostos e reforça a necessidade de “assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução”, bem como de “permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe”.
São palavras que encerram mensagens fortes e que nos fazem pensar que todos somos responsáveis e que também está nas nossas mãos o contributo na construção de um mundo melhor.