Cláudia Ferro – Artista Plástica

Visite a exposição patente no Centro de Cultura do Crédito Agrícola Mútuo, Lisboa,  denominada “AFRODITES” conta com o apoio da CULTARTIS e Curadoria de Cláudia Ferro. Com inauguração marcada para dia 29 de agosto pelas 17h30m, vai estar patente até ao dia 23 de setembro das 9h30m às 19h30m.

Cláudia Ferro, uma artista plástica que, nas suas obras, mostra as várias dimensões do ser no feminino. Queremos conhecer melhor e dar a conhecer aos nossos leitores, Cláudia Ferro uma mulher licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra, com experiência na área da Psicologia e Ciências Sociais e as suas obras tão particulares que, nas palavras da artista, pretendem mostrar:

“.. uma “realidade alternativa”, mais onírica, mais pacífica, mais hedonista, mais colorida, onde o lado positivo da vida e das pessoas pudesse estar refletido e refletir-se no olhar de quem observa a obra.”

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Nós: Cláudia, fale-nos um pouco de si e do seu percurso de vida

Claudia: Nasci em Coimbra, mas vivi cerca de onze anos no Rio de Janeiro, Brasil, onde fiz aprendizagens muito importantes (e adquiri esta pronúncia ainda presente!). De regresso a Portugal, licenciei-me em Psicologia Clínica e desde há vários anos tenho exercido funções nessa área e outras no Ministério da Justiça. Atualmente resido em Lisboa.

Nós: Quando e como surgiu o gosto pelo desenho e pintura, desde jovem ou foi uma inspiração num dado momento da vida?

Cláudia Ferro: Desde criança que desenho, incentivada pela minha mãe, que sempre teve muita aptidão para o desenho/pintura e artes manuais. Na adolescência e início da juventude passei a dedicar-me também à escrita, nomeadamente de poesia.

Mais tarde, voltei a dedicar-me mais ao desenho e à pintura, e fazia trabalhos para mim própria e para familiares e amigos.

A minha primeira exposição foi em maio de 2013, numa associação cultural em Vila Nova de Gaia. Desde então tenho-me mantido sempre em atividade, participando em exposições coletivas e individuais.

Nós: Fez alguma formação específica na área das artes, do desenho ou da pintura?

Cláudia Ferro: Só pequenas ações muito curtas e pontuais, considero-me uma “autodidata”.

Nós: Como surgiu a ideia da representação do “corpo e da alma feminina” nas suas obras?

Cláudia Ferro: É curioso que sempre gostei muito da anatomia do corpo humano, de desenhar a figura humana, sobretudo a feminina porque a achava (e acho) mais atraente em termos de representação gráfica e potenciadora de criatividade: cores no rosto, cabelos, contornos do corpo…

Também desenhei outros temas, nomeadamente algumas paisagens e numa vertente mais realista.

Nós: A sua formação académica e o seu percurso pessoal ligado à psicologia foram influenciadores para a escolha do tema do “corpo e alma feminina” nas suas obras?

Cláudia Ferro: Penso que sim, abre várias portas a nível de sensibilidade, de tentar auscultar as emoções, os sentimentos, as cognições e o próprio sofrimento humano (no fundo poderemos dizer da “alma” humana). Mas também a minha área profissional, orientada para aspetos de criminologia.

Pode parecer um paradoxo, mas o “peso” emocional das problemáticas pessoais e sociais com as quais me tenho confrontado ao longo de mais de vinte anos (e que compõem um lado “mais escuro” da vida/da pessoa) impeliram-me para procurar/desenhar/pintar uma “realidade alternativa”, mais onírica, mais pacífica, mais hedonista, mais colorida, onde o lado positivo da vida e das pessoas pudesse estar refletido e refletir-se no olhar de quem observa a obra. 

Nós: É habito dizer-se que “os olhos são as janelas da alma”, os grandes olhos das mulheres que vemos representadas nas suas obras, parecem dominar todo o resto e prendem-nos a atenção. Fale-nos um pouco sobre esta forma muito peculiar de representar a alma.

Cláudia Ferro: Sim, os grandes olhos das minhas figuras humanas (femininas na sua grande maioria) têm essa intenção: deixar transparecer emoções, afetos, expetativas. Como diz: “os olhos são as janelas da alma”: estes grandes olhos observam, apreendem e interpretam o que está fora, integrando parte dele no seu interior. Por outro lado, refletem, ou melhor, projetam no expectador o que está dentro (será “alma”?). Também há “troca de olhares” quando numa obra represento um casal, com o mesmo duplo sentido de movimento, fora/dentro, dentro/fora.

Nós: Qual ou quais as obras que mais gostou de realizar?

Cláudia Ferro: Gosto muito de as criar, de fazer os esboços, de escolher as cores… Gostei particularmente de fazer “Plaza Mayor”, por ter pela primeira vez combinado num mesmo quadro uma vertente mais realista e outra mais impressionista.

Nós: Muitas das suas obras representam apenas a mulher, como e quando surge o elemento masculino nas suas obras?

Cláudia Ferro: O masculino tem surgido nas obras da coleção “Afrodites” como elemento ligado ao feminino, a sua presença representa o “relacional”, a partilha de emoções e afetos, numa perspetiva de amor, paixão, deleite, proteção…

Nós: Participa em exposições para dar a conhecer as suas obras? Que exposições ou outras atividades de divulgação das suas obras já realizou?

Cláudia Ferro: Sim, as exposições são uma oportunidade única de divulgar o trabalho artístico, de auscultar opiniões, de reunir amigos e pessoas que gostam do trabalho que fazemos.

Fiz algumas exposições a norte do país, em Vila Nova de Gaia e Porto, em Lisboa e em Coimbra. Participei em várias exposições coletivas.

Já ilustrei dois livros, algo que me deu imenso prazer: criar a partir de uma narrativa.

Nós: Que projetos futuros tem em mente?

Cláudia Ferro: Quero continuar a pintar, tenho prevista a participação noutras coletivas e estou a fazer novos trabalhos, com outras temáticas.

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Veja aqui uma galeria de imagens de obras de Cláudia Ferro, mas não perca a oportunidade de visitar a exposição patente no Centro de Cultura do Crédito Agrícola Mútuo, Lisboa,  denominada “AFRODITES” conta com o apoio da CULTARTIS e Curadoria de Cláudia Ferro. Com inauguração marcada para dia 29 de agosto pelas 17h30m, vai estar patente até ao dia 23 de setembro das 9h30m às 19h30m.

A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. Leonardo da Vinci

Exposição de Maria Seruya “O Príncipe das Arábias no seu harém de Velhas Bonitonas”

Maria Seruya e as Velhas Bonitonas. “Ousamos ser quem queremos, sem complexos nem culpas”

Está a decorrer no espaço da Antiga Marcenaria do Museu da Carris, em Lisboa, um evento imperdível –  até dia 5 de junho – aprecie as obras expostas de Maria Seruya.

Em torno do tema do envelhecimento feminino e segundo o lema “Ousamos ser quem queremos, sem complexos nem culpas” a artista plástica, brinda-nos com um conjunto de Velhas Bonitonas que enlaçam um Velho Bonitão.

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De acordo com a artista, o projeto das “VELHAS BONITONAS” nasceu em 2016. Pretende despertar consciências sobre preconceitos associados ao envelhecimento, procurando retratar imagens que exprimem a liberdade de espírito, a força feminina que existe independente da idade mas que sai reforçada com as experiências vividas, a genuidade e a beleza que vai muito além das rugas visíveis.  

Quem são e de onde vêm estas Velhas e este Velho Bonitão?

Gosto de fazer transformação, pegar em ideias e faze-las como eu gosto, inspirar-me naquilo que me apetece, criar espontaneamente aquilo que parte de uma ideia ou de um olhar, algo que me inspire e a partir daí ACONTECE. Acontece naturalmente. Acontece espontaneamente e não estou interessada propriamente em contar uma história para estas mulheres, se tem 6 filhos, se é doutora, se é pintora, mas sim uma energia, uma emoção. Eu gosto de me relacionar com estas mulheres, olhar para elas e também sentir coisas enquanto estou a pintar.”

Tivemos o privilégio de conhecer pessoalmente Maria Seruya que nos fez uma visita guiada pela exposição.

Ficamos presas na sua voz e nas imagens que nos ia revelando, a sensibilidade que existe em Maria Seruya, vê-se nos olhos e em toda a expressão do seu corpo, sente-se a emoção que nos chega através dela e das obras expostas, envolve-nos e deixa em nós, um sentimento de agradável surpresa.

Na sequência das obras expostas cronologicamente, a artista mostra-nos desenhos de mulheres velhas e bonitonas como que a interagir entre si e a provocar o observador com a sua irreverência de ousarem ser o que querem.

Resultante de uma sua visita a Marrocos surge a inspiração, nas cores, nos trajes e ornamentos, em toda uma cultura muito própria, para a coleção das mulheres árabes.

Ainda em torno da beleza do corpo feminino surgem os desenhos de nus, mulheres despojadas de juventude que nos olham e nos questionam sobre o nosso entendimento do belo e exibem o poder da atitude.

Continuando a visita, a artista mostra-nos telas, em grande formato, para onde transportou as velhas bonitonas que mais gostava “Cada uma com a sua história, uma é sensual, outra … mas, eu gosto também de deixar as pessoas a pensar, a mim transmitem-me certas coisas, ideias, a outros coisas e ideias diferentes.”

Por fim, já com outro conhecimento, temos o Velho Bonitão com o qual nos tínhamos deparado logo à entrada. É um charmoso príncipe das Arábias! Como príncipe das Arábias, está no meio do seu harém e traz consigo a areia do Saara.

Deixamos nota de que: “Esta obra tem uma particularidade reverte a favor da Associação Cabelos Brancos – associação que luta contra a discriminação de idade e tem parceria de workshops de preparação do envelhecimento e trabalham a sensibilização.”

Não percam esta oportunidade de interagir com a “mãe” das Velhas Bonitonas, com as próprias velhas, escutar a história de cada uma delas e levar a sua história recriada e sentida por si! Tantas histórias para contar num fragmento de dia… Inspire-se, leve e dê voz às Velhas Bonitonas.

Assista a um pequeno vídeo da visita guiada com Maria Seruya, que decorreu no ambiente próprio de uma Marcenaria, onde trabalham artistas animados pelo colega inseparável do dia-a-dia –  o barulho artístico!

 

Veja aqui uma Galeria de imagens das obras de Maria Seruya, expostas na Antiga Marcenaria do Museu da Carris, Lisboa.