A lenda da Santa Cruz – e as festas de Monsanto

Nos festejos anuais, as mulheres vestem-se a preceito e, ao som de adufes e de canções populares, agitando marafonas e transportando potes de flores à cabeça, partem da povoação em direção ao castelo.

Lendas – A forma de reter na memória histórias sobre um passado longínquo, que vão sofrendo alterações de acordo com situações particulares e com quem vai transmitindo essas histórias, gera diferentes versões sobre os factos ocorridos.

Diz o ditado “quem conta um conto acrescenta um ponto”.

A lenda da Santa Cruz tem origem profana ligada ao ciclo da Primavera e é a base da principal celebração de Monsanto, a Festa da Santa Cruz. A lenda, com o passar dos tempos foi cristianizada e surge com várias versões. Numa das suas versões, está associada a um cerco do castelo pelas tropas do pretor Romano Lúcio Emílio Paulo em fins do século II a.C., segundo outras versões, a um ataque dos mouros por volta de 1230, ou até posteriormente durante as lutas com Castela.

No entanto, independentemente dos invasores que cercaram o castelo, o objetivo dos inimigos sitiantes era o de vencer pela fome os defensores do castelo.

A tradição refere que o cerco se prolongava já por sete longos anos, fazendo com que os alimentos no interior das muralhas escasseassem. As mulheres ocupavam-se da gestão dos parcos alimentos procurando que todos tivessem a sua quota parte. Quando restava apenas uma vitela magra e um alqueire de trigo, uma das mulheres sugeriu que, para iludir o inimigo, alimentassem a última vitela com o último trigo e, numa festa, a lançassem por sobre os sitiantes. Assim fizeram, lançaram a vaca das muralhas e ao embater contra as rochas, espalha-se o trigo que tinha no ventre. O inimigo ao ver isto, pensou que os habitantes fechados dentro das muralhas, ainda tinham muitos alimentos e encontravam-se protegidos pela providência divina, levantaram o cerco e abandonaram a região.

O episódio é atribuído a um dia 3 de maio, coincidindo com o dia da Santa Cruz, que assinala a descoberta da Cruz de Cristo, a Vera Cruz, por Santa Helena. Nos festejos anuais, as mulheres vestem-se a preceito e, ao som de adufes e de canções populares, agitando marafonas e transportando potes de flores à cabeça, partem da povoação em direção ao castelo. Chegadas ao alto das muralhas, lançam para o exterior os potes brancos, simbolizando a vitela, revivendo, desta forma, o episódio do fim do cerco e a salvação de Monsanto.

A foto das Matrafonas foi retirada da web em: http://www.portugalnummapa.com/marafona/

 

Autor: HUCILLUC

Aqui e Ali entre momentos festivos e caricatos, convive-se. Aqui e Ali sente-se, lê-se, leva-se tudo ou talvez nada!

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